terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Dádiva


Natal, época de confraternizar, de demonstrar seu amor, de dar e ganhar presentes. Época de pensar nos presentes. Passada a ocasião, penso no que representa o hábito de presentear.


O que são os presentes?

Os presentes são formas de demonstrar seus sentimentos, suas emoções. Eles trazem em um objeto concreto o ato do carinho, como um meio de elaborar os sentimentos, de concretizar as emoções. Os presentes, portanto, são um simbolismo muito caro. Digo caro não no sentido financeiro, mas porque representam uma aliança, um compromisso de sustentar a relação. Ao presentear alguém você está dizendo àquela pessoa o quanto ela é importante ou reconhecendo o valor da ocasião. Os presentes nada mais são que a encarnação do subjetivo. É claro, as demonstrações de carinho e amor, como abraços e palavras, ao longo de grandes períodos valem bem mais que qualquer presente, entretanto não são palpáveis, não são passíveis de serem apreciados, mostrados a todos, guardados, e por isso normalmente estão acompanhadas do costume de presentear. Não é também uma questão de capitalizar sentimentos, mas sim de mensurar, o que justifica a existência das lembrancinhas. Pouco importa o presente, o que move a relação é o presentear.


E quando os presentes não vêm?

Quando somos presenteados, dizemos que não seria necessário e agradecemos. E, quando os presentes não vêm, dizemos que não há problema algum. Já aquele que não leva o presente fica sempre constrangido, age como um faltoso, ou, no caso de não se importar, fica mal visto pelos demais.
Não dar presente à pessoa amada é quase que não amar, visto que o presente representa a troca da emoção, e se o amor é a troca de emoções, não presentear é não elaborar o sentimento, é quebrar a regra, é negar o laço.
O presente por ser essa troca não se finaliza no presentear. Ninguém simplesmente entende o presente como algo acabado ali na ação. Em retribuição, o presenteado o presenteará em ocasião de igual importância ou oferecerá uma recepção, retribuindo em hospitalidade e diversão. Sendo assim, como sempre há um retorno, um caminho de volta, o presente não é desprovido de interesses. Não são interesses necessariamente egoístas, nem materiais, são interesses no crédito, no fortalecimento ou criação do laço afetivo.


E a obrigação de presentear?

O hábito de presentear nada tem a ver com as épocas especiais, a não ser pelo fato de ser um hábito. Em ocasiões como o Natal, o presente torna-se uma obrigação. Mesmo que não haja legislação específica para tal, as regras sociais são explícitas - dar e receber presentes já faz parte do protocolo da festa.
Quando eu penso que o presentear é um ato de demonstração de amor, de fortalecimento de laços, de concretizar emoções, não entendo como pode ter se tornado uma obrigação. Será que datar as ocasiões adequadas para presentear a quem se ama é como dizer quando amar?






2 comentários:

  1. vida engraçada, estava conversando exatamente sobre isso com uma amiga. Entro no blog e leio seu post. Concordo em número, gênero e grau com você.
    Feliz Natal pra pra você amiga

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  2. oi,

    eu esqueci das ultimas palavras do texto e só reparei hoje....atenta demais! rsrsrs

    mil desculpas
    Bjs Mari

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